O que é Síndrome de borderline?

Uma boa maneira de entender o que é síndrome de borderline se dá por meio da tradução do termo, que vem da língua inglesa e se refere a algo que é “limítrofe”.

Ou seja, é uma condição que deixa o indivíduo sempre nos seus limites emocionais, com humor e comportamentos instáveis.

Trata-se de uma doença psicológica e psiquiátrica, que gera mudanças repentinas de atitudes, as quais podem ser extremas e impulsivas.

Assim, a pessoa com borderline pode ir de uma imensa euforia a um sentimento intenso de raiva, depressão ou ansiedade.

Já a duração dos episódios pode variar de horas a dias, e é justamente essa inconstância que dificulta o correto diagnóstico.

Por falar na detecção do transtorno de borderline, ela é de suma importância, uma vez que ele favorece atitudes autodestrutivas.

Em decorrência da agressividade e imprevisibilidade apresentadas pelos pacientes, os tratamentos podem ser extremamente desafiadores – mas são imprescindíveis.

Isso porque a taxa de pessoas acometidas por borderline que tiram a própria vida é de preocupantes 10%, segundo dados da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

De acordo com o artigo Borderline Personality Disorder, a síndrome atinge 1,7% da população.

Em relação aos indivíduos que já realizam algum tratamento psiquiátrico, a prevalência do transtorno é de 15% a 28%.

Principais características do transtorno de borderline

Por mais que o borderline tenha sintomas variáveis, algumas características são comuns entre os indivíduos com a síndrome, como:

• Sentimento de insegurança em relação a si e aos outros;

• Sensação de vazio e muita solidão;

• Mudanças severas de humor, que podem perdurar por horas ou dias;

• Flutuação entre depressão, ansiedade e raiva;

• Irritabilidade, que pode gerar comportamentos agressivos;

• Impulsividade, que pode ser associada ao vício em jogos ou drogas, padrões alimentares exagerados, desrespeito às leis, gasto descontrolado de dinheiro etc;

• Pensamentos e possíveis ameaças suicidas;

• Medo excessivo ou irreal de abandono por familiares, parceiros ou amigos;

• Tendência ao distanciamento e relações instáveis;

• Problemas para aceitar críticas;

• Comportamentos irracionais em casos de grande estresse;

• Dependência de outras pessoas para ter estabilidade;

• Receio que as emoções saiam do controle.

Quando a doença de borderline se torna muito grave, os pensamentos negativos e o excesso de mal-estar sentido pelo paciente podem levá-lo a atitudes extremas.

Causas e sintomas de borderline comuns

Não existem causas bem definidas para o desenvolvimento da síndrome, mas sabe-se que as crises de borderline ocorrem após situações emocionais intensas.

Esses quadros críticos tendem a ocorrer por conta de conflitos marcantes na vida da pessoa, como experiências traumáticas, separações, quase morte, falecimento de entes queridos ou mesmo abuso sexual.

Em geral, o distúrbio de borderline é mais comum em indivíduos que cresceram em lares ou ambientes emocionalmente negativos e de afetividade conturbada.

Além de todas as características que citei no item anterior, outros sintomas comportamentais podem apontar a presença da síndrome.

Os principais deles envolvem o excesso de irritabilidade, ansiedade, mal-estar e mudanças de humor, associados à raiva intensa e sem sentido e aos relacionamentos afetivos problemáticos e instáveis.

Também é comum que a personalidade dos pacientes seja “8 ou 80”, em que tudo é muito intenso, impulsivo e excessivamente bom ou mau.

Por conta disso, a compulsão por gastos, drogas, sexo, comida e vícios é comum, assim como crises de identidade, autoestima e valores pessoais.

O estresse excessivo ainda pode gerar casos de dissociação e crises temporárias de paranoia, a depender do paciente e do quão grave é a sua situação.

Normalmente, esses sinais começam a aparecer na adolescência ou no começo da vida adulta, sendo que tendem a se estabilizar pela faixa de idade dos 40 anos.

Inclusive, é muito difícil diagnosticar o borderline na adolescência, já que essa é uma fase conturbada na vida das pessoas.

Borderline tem cura? O que fazer em uma crise?

A síndrome de borderline tecnicamente não tem cura, mas o devido tratamento pode melhorar a qualidade de vida dos pacientes e lhes ajudar a manter relações saudáveis.

Outro ponto importante é que as manifestações tendem a ser menores com o passar dos anos.

Contudo, as crises de borderline podem ser muito severas, e é preciso que o indivíduo acometido e as pessoas ao redor dele saibam como agir nessas situações

Quando a pessoa já está em tratamento, o uso dos remédios para borderline receitados pelo psiquiatra é fundamental em situações de crise.

Além disso, o terapeuta responsável pode fornecer atendimento extra, sendo um direito do paciente ter o contato do profissional para solicitar orientações em casos de urgência.

Por sua vez, quando não há tratamento já estabelecido, situações críticas exigem que a pessoa seja levada a um ambulatório psiquiátrico ou pronto-socorro.

Caso exista risco de vida, pode ser solicitada uma internação. Em todos os casos, cabe às pessoas manter a calma para lidar com o caso e prestar a assistência correta.

Tratamento da síndrome de borderline

Terapia Cognitivo Comportamental

A Terapia Cognitivo Comportamental tem como foco identificar certos comportamentos, para que a própria pessoa tente compreendê-los e transformá-los em prol de si e dos outros.

Nessa modalidade, o objetivo é diminuir o sentimento de ansiedade, dar mais controle às emoções e saber como agir perante pensamentos paranóicos.

Terapia Familiar

Levando em consideração que os relacionamentos de quem tem borderline são muito afetados, a Terapia Familiar também é muito indicada.

Isso porque ela se volta aos relacionamentos do indivíduo, integrando os familiares no entendimento da condição e desenvolvendo técnicas para que o paciente melhore sua capacidade de comunicação e evite conflitos.

Terapia Comportamental Dialética

Por fim, há também a Terapia Comportamental Dialética, que trabalha para que a pessoa tenha plena consciência sobre si e sua condição.

Nela, se estabelecem meios para lidar consigo mesmo, compreender as emoções, combater o excesso de estresse e desenvolver um maior autocontrole.

Conclusão

Conviver com a síndrome de borderline não é uma tarefa fácil, dada a grande aflição que ela gera, as mudanças comportamentais que impõe, os sentimentos negativos que cria, a autossabotagem que incentiva e as dificuldades de relacionamentos oriundas da verdadeira “montanha russa” que é a condição limítrofe.

Por mais que tecnicamente não exista uma cura definitiva para o problema, os psicólogos e psiquiatras desempenham um papel fundamental para que os pacientes controlem seus impulsos e emoções. Assim, elevando sua qualidade de vida, evitando conflitos e prevenindo situações mais severas, como os pensamentos suicidas.

Se você gostou de saber mais sobre borderline e quer se manter informado sobre outras condições de saúde tão relevantes quanto essa, continue acompanhando os artigos do Viva Bem – Portal News.

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